Na semana passada, resolvi mudar de agência bancária. O fato é que moro há uns 2 anos na minha cidade atual mas até então na tinha trocado a agência e, ao precisar utilizar um serviço que seria prestado somente no local em que possuía a conta, percebi que era mais fácil (e mais barato) mudar de agência do que perder um dia inteiro indo para a cidade em que morei anteriormente. Até aí tudo bem.
Cheguei no banco e fui atendido por uma gerente que perguntou qual a documentação que eu tinha levado, e me informou que mesmo para migração de conta era necessário que eu apresentasse meu contracheque. Detestável burocracia! Fui eu para a rua à procura de algum lugarzinho com internet que pudesse fazer a impressão para mim. Voltei ao banco e apresentei os papéis, a mulher olhou para mim e para o papel depois me olhou de volta, é impressionante, seu semblante já era outro. Se levantou sorrindo e me perguntou porque meu cartão era um cartão de correntista regular já que eu tinha uma conta diferenciada. Expliquei que na cidade anterior na havia essas agências com contas VIP e quando é assim eles fazem de você um correntista normal ou com a conta mais top compatível com a agência.
– Infelizmente não posso te atender. Sua gerência é ali naquela sala cinza. – disse ela já apontando a direção – Vou te apresentar a eles.
Meu desconforto começava ali. O que eu queria do banco era apenas praticidade. Se a conta era de um jeito ou de outro não me fazia diferença. Tinha saído para a rua vestindo qualquer coisa, como alguém que não passaria pela aquela porta.
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O Pirata andando por aí. |
– Oi, meu nome é X e vou ser sua gerente. Prazer. Quer café expresso, suco, água de coco? (Brincadeira... não tinha água de coco).
Não. Não queria nada, só trazer minha conta para minha cidade, só isso. Não precisava de gerente que tinha pronto atendimento pelo Whatsapp, que iria me "assessorar" em investimentos. Não sou rico de verdade, só ganho um bom salário. Riqueza é outra coisa, é patrimônio, é independência financeira.
Mas tudo bem, é para isso que essas pessoas estão lá. É o trabalho delas. O que me deixou mais impressionado foi o que aconteceu em seguida. A gerente estava tentando me cadastrar no sistema mas tinha algum problema no aplicativo e ele ficava fechando sozinho do nada. Ela decidiu sair da cabine em que me atendia indo para outros setores para ver se o problema persistia. Demorou e senti vontade de ir ao banheiro enquanto ela não voltava. Saí da sala cinza e a vi num computador no meio do saguão junto com um técnico do banco para ajudá-la. Acontece que esse cara era um colega com quem saía até o ano passado. Havia ficado meio chateado com ele por tê-lo convidado para meu último aniversário, que seria só para os mais chegados e nem ter respondido se iria ou não, mesmo comigo ligando e perguntando se daria para ele ir. O aniversário chegou e a festa também. O cara sumiu, nunca nem me deu os parabéns e a gente encontrou em alguns momentos depois disso mas tudo foi mera formalidade por que temos alguns ambientes que frequentamos em comum.
Ele me olhava surpreso. Eu tinha saído daquela sala. Estava estampado na cara dele. Não era o mesmo cara que falava comigo formalmente após me encontrar em algum lugar por coincidência. Me perguntou como eu estava, me chamou para sair com ele para tomarmos uma cerveja e reclamou que há muito tempo não fazíamos nada. Melhores amigos. Nessas horas se percebe que se importam muito mais do que quanto você ganha ou tem do que com quem você é. É triste mas é verdade. Houve um tempo em que isso me estimularia a seguir o sistema, querer mostrar o que posso e o que não posso, firmar meu status na sociedade, mas isso ficou para trás. Isso não é verdadeiro. Um patrimônio de verdade é. Ter algo de acordo com sua capacidade, ou se satisfazer com algo bem abaixo da sua capacidade financeira é algo sustentável, o oposto não. Seguirei em frente com a vida frugal, embarquei nessa!
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Ostentação? Tô fora... |
Abraços do Pirata!