quarta-feira, 21 de junho de 2017

De volta às origens – Parte II – O início na corrida dos ratos

Era dezembro e as expectativas apenas aumentavam. O curso começaria no mês seguinte, e segundo o edital, era necessário comprar uma lista de coisas para que o aluno pudesse passar um período inicial de três semanas de internato, era o que carinhosamente era chamado de “enxoval do aluno”. Fui comprando tudo aos poucos, meia, camisa e uma série de coisas à medida que o tempo foi passando, e resolvi deixar as malas por último. Esse dia foi diferente, minha mãe até então não havia se dado conta que de fato eu iria sair de casa, até que eu cheguei com as malas e ela começou a chorar. Fiquei triste por ela, mas era uma nova etapa na minha vida e estava cheio de esperanças sobre como seria meu tempo lá.

Como tudo sobre o que criamos expectativas demais acaba deixando a desejar, essa não podia ser diferente. Eram muitas atividades o tempo todo, pouquíssimas horas de sono e comida péssima nas primeiras semanas. Acabei atingindo o menor peso que tive até hoje. Como tinha muita coisa rolando ao ar livre e era janeiro, acabava torrando no sol o dia inteiro e fiquei bem moreno. Fiquei tão diferente que meus pais quando foram me buscar da primeira vez não me reconheceram. Fui caminhando na direção da minha mãe e ela me olhou rapidamente, desviando o olhar para procurar o filho dela dentre muitos outros que saíam juntos. Dá para perceber que a situação para você tá feia quando nem sua mãe reconhece que é você na frente dela...rsrs

Eu me olhando no espelho.. O que está acontecendo contigo moleque?!


O ser humano é um bichinho ruim mesmo, se tem uma coisa que eu levo dessa história para a vida é que a gente consegue se adaptar, a gente se acostuma com coisas boas e coisas ruins. Tudo vira normalidade. Esse período foi muito difícil, mas com o passar dos meses, estava lá, de boas, recebendo minha graninha e estudando, começando a comprar minhas primeiras coisas e fazendo grandes amizades, que levo até hoje.
Demorou mas chegou o dia, finalmente me formei e me inseri no mercado de trabalho. E como todo o bom moço de uma família tradicional o que eu fiz? Resolvi casar. Pois é, eu tinha uma namoradinha desde quando passei no concurso e aguardava o início das aulas, entre brigas e mais brigas, a gente se acertou e resolvi tomar uma decisão. Melhor que não tivesse tomado. Compramos um apartamento longe do local que nascemos, e não tínhamos a mínima experiência em morar sozinho. Por essa razão, tomamos o caminho mais fácil e pagávamos faxineira, fazíamos muitos passeios caros, jantávamos fora quase todo o dia. Hoje vejo como desperdiçávamos dinheiro.  Me inseri no consumismo, com a maior facilidade, até porque ela tinha toda a estabilidade do mundo sendo funcionária pública. Mesmo que eu perdesse meu emprego, ela tinha dinheiro de sobra para nos manter enquanto eu não conseguisse nada. Após um ano e dois meses, fui convencido a comprar um apartamento maior. O primeiro realmente era bem pequeno mas tinha saído por um preço excelente. Após dias e dias procurando imóveis, não encontrava nada realmente interessante até que resolvi que seria a última vez que sairia à procura de oportunidades e cumpri o que prometi a mim mesmo: Naquele dia eu achei um apartamento que me agradava em todos os quesitos. Era bem acabado, bem dividido, numa localização excelente e com o preço descontado em relação ao mercado. Fiquei com ele e nos mudamos rapidamente. Os consumos aumentavam, o condomínio era bem caro para a região, mas não nos importávamos, afinal tínhamos uma renda boa e aumentos de salários que pareciam que nunca terminariam.

Jogando o dinheiro fora...pura imaturidade.

Um mês e meio após a compra do apartamento surge um imprevisto na vida: a separação. Foi um período muito difícil, mas hoje agradeço por ter ocorrido naquela época. O pouco que tínhamos foi motivo de brigas e mais brigas judiciais, e acabei fazendo um acordo cedendo parte do que eu tinha para a dita cuja. Imagino como fica um homem que se separa depois de já ter conquistado muito, tendo idade mais avançada.  Você já está com o emocional destruído e ainda vem a $%#@ para querer tirar seu dinheiro, o pior é que a justiça ainda é complacente com essas coisas. É colegas, na vida tem muitas formas para te fazer apanhar, agora para te ensinar a bater, essas são poucas... Fico pensando aqui, até a forma convencional de casamento já acho que começa por desfavorecer os mais descuidados. Acredito que o correto e padronizado deveria ser separação total de bens. Cada um fica com o que é seu e ponto final, em vez de deixar o juiz determinar quem fica com o quê. Ele não sabe o quanto do dinheiro você abdicava para agregar ao casal e nem se a outra parte fazia o mesmo ou gastava com pura besteira. Ok Vida, lição anotada e aprendida. Próxima!

Next!

No próximo post da série pretendo contar como foi o período pós-separação, minha iniciação no mundo dos investimentos e como venho me desenvolvendo pessoalmente.

Abraços do Pirata!






5 comentários:

  1. Historia bruta!!!! E voce pensa em se casar denovo ou no maximo namorar e cada um na sua casa? Essa sua ex sempre foi consumista em excesso? Por que terminaram?

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  2. Então Victor, talvez eu conte mais detalhes aqui no futuro mas em resumo, após uma discussão ela veio com esse papo de separação e eu também quis botar para frente depois disso. Mas olhando para trás foi o melhor que aconteceu. Não era uma pessoa que somava, mas essas coisas a gente só vê depois de separar. Anota essa aí meu camarada: Hoje eu namoro de novo e, conversando com essa namorada,vela concordou em fazer uma declaração de união estável com separação total de bens. O que é meu é meu e o que é dela é dela. ;)

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  3. Isso ae.....fez certinho..mulher tem que ser companheira senao é fim.....Eu estou solteiro ha alguns meses e está dificil achar alguem que preste para algo serio. So tenho alguns rolos, mas nenhuma presta para namoro, pois nao ajudam em nada ..

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  4. poxa pirata, baita história de vida...
    sempre levamos tombo de uma coisa ou de outra... mas o importante é APRENDER e compartilhar... exatamente o q vc fez.

    bola pra frente e bons ventos!
    grande abraço
    PD7

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    1. Pois é. O sucesso na vida de uma pessoa também depende da resiliência: A incrível arte de se foder e continuar de pé. kkkk

      Vlw PD7, TMJ!

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